A terceira república portuguesa tem-se
caracterizado por uma alternância de governos dominados pelos
principais partidos de centro-esquerda e de centro-direita.
À excepção do Partido Comunista
Português (PCP), fundado em 1921, e do Bloco de Esquerda (BE),
fundado em 1998, as principais forças políticas, aquelas que
tradicionalmente capitalizam um maior número de votos, foram
fundadas entre 1973 e 1974.
Esta supremacia eleitoral dos partidos
formados pouco antes e imediatamente após o golpe de Estado militar
de 25 de Abril de 1974 só foi quebrada pelo Partido Renovador
Democrático (PRD), o qual viria a registar em 1985, precisamente no
ano em que foi fundado, o terceiro maior resultado, capitalizando os
votos dos descontentes com a política de austeridade posta em
prática pelo, então, governo de coligação PS-PSD (1983-1985)
liderado por Mário Soares (o denominado Bloco Central).
Tal como nessa altura, vive-se
actualmente um período de enorme descontrolo económico por parte do
estado, da banca, das empresas privadas e das famílias. Por força
do memorando de entendimento com os credores da Troika, o bloco
central está comprometido com políticas de austeridade de efeitos
devastadores, agravadas pelo fanatismo ideológico do actual governo,
que não olha a meios, nem a custos nem a consequências enquanto não
substitui o estado social por um estado assistencialista, inútil,
caro, autoritário e repressivo. Tal como nessa altura, a contestação
a estas políticas sobe de tom de dia para dia, ameaçando ficar fora
de controlo. Tal como nessa altura, o sectarismo ideológico dos
partidos de esquerda não tem permitido entendimentos à esquerda que
actuem em defesa das classes mais penalizadas pela crise e pela
austeridade. Tal como nessa altura, a população não se identifica
com as estratégias governativas dos partidos do bloco central e
reclama urgentemente por alternativas políticas que ataquem, com
pragmatismo, o problema do desemprego, dos baixos salários, dos
salários em atraso, dos impostos excessivos e da falta de
oportunidades.
Há, pois, razões objectivas para a
criação de um ou mais partidos políticos que apresentem
alternativas exequíveis às actuais politicas maquiavélicas de
austeridade, perpetradas por uma elite económica e financeira
internacional, cuja política gananciosa e expansionista está na
origem da actual crise económica que ameaça a paz mundial. Há,
pois, razões objectivas para a criação de um ou mais partidos
políticos cujo objectivo principal seja o resgate das empresas e das
famílias vítimas da actual conjuntura económica internacional. Há,
pois, razões objectivas para a criação de um ou mais partidos
políticos que denunciem o pagamento da dívida que não tiver sido
contraída em proveito da população. Há, pois, razões objectivas
para a criação de um ou mais partidos políticos que se oponham
frontalmente às ingerências e políticas injustas e abusivas da
União Europeia e que estejam, se necessário, dispostos a romper com
o Euro e com a União Europeia, caso os políticos Europeus não se
mostrem capazes de combater os egoísmos nacionalistas e de promover
a igualdade em todo o território Europeu.
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